Retorno - Estados Unidos
Começo do Trajeto de Retorno
A partir de hoje o nosso GPS marca direção Sul... Nós pretendemos estar no Brasil até o dia 12/05/2015, completando assim 1 ano Rodando pelas Américas. A saudade é grande e a distância também. Alguns trajetos serão os mesmos, aproveitando para rever amigos pelo caminho. Outros trajetos, como no México e Colômbia, serão novos.
Tivemos a grata surpresa de receber mais uma vez a visita da Lora. Conversamos sobre nosso tempo aqui e ela mostrou como foi importante para eles nossas vidas. Ficamos muito gratos a Deus pois Ele deve ser glorificado nisso. Ela disse que temos porta aberta e que, no que depender deles, podemos voltar quando quisermos e teremos onde ficar e como viver. Nos despedimos e ela se foi com uma grande xícara de café!
Hoje ao final do a Brenda o Randy e as meninas vão chegar para passarmos o último final de semana juntos. Chegaram tarde e as meninas estavam bem sonolentas e passaram direto por nós, e foram dormir. Conversamos um pouco todos se ajeitaram e fomos dormir, todos estavam exaustos.
Eu fui o último a sair da cama, mas o Randy já tinha feito o café, e saído para comprar Donuts e outras coisas para o café da manhã. O dia estava lindo, sol, céu azul, perfeito para brincadeiras e passeio pelo lago.
Na beira do lago tinha um pedalinho que estava longe da margem e precisava ser resgatado. O Randy arregaçou as calças, tirou o tênis e entrou para buscá-lo. Limpamos e as meninas, com o Randy, saíram para dar um passeio rápido. Foi um tempo divertido e depois trouxemos o pedalinho para a garagem da casa antes que ele vá embora com a correnteza.
O dia foi cheio de brincadeiras com as meninas, a Brenda fazendo uma fogueira, o Randy conhecendo o lugar e gastando tempo com todos. O dia passou rápido, e a noite fizemos um gostoso cachorro quente! Após as meninas, Desi e Katie irem para cama, os adultos foram para o último desafio de Sequence.
Domingo acordamos com o delicioso cheiro do breakfast preparando pelo Randy: café com ovos, bacon, biscuits e tudo o que se tem direito, um almoço praticamente! Eu novamente fui o último a sair da cama, a Janeh sempre se levanta mais cedo e vai ajudar no café. Tomamos café todos juntos! Depois, ainda tivemos um tempo juntos, algumas brincadeiras, tirei várias fotos com as meninas e, após o almoço, eles partiram, deixando muita saudade, as meninas chorando, mas com a promessa de "See you later!".
Dando Adeus a Casa do Lago
A Jane colocou tudo em ordem na casa, lavou as roupas de cama de todos os quartos e eu ainda dei uma geral em tudo no carro para deixar tudo pronto para nossa saída.
O coração apertado, pois tudo parece estar mais próximo agora, começa a ficar difícil escrever. O sentimento de pegar a estrada é bom, mas tenho comigo que não quero me arrepender de nada, e sabemos que podemos ficar até abril e se quiser pedir extensão, tem o Alaska... agora nos parece tão perto, mas também tão distante!
Passamos por Austin novamente e as crianças sempre são as primeiras e nos receber, e na casa do Ricardo não é diferente. Eles sempre vêm nos receber. Logo estavam em cima da gente conversando e fazendo mil perguntas. Ian, Chase, Maya, Tessa e o Neil que ainda não fala, mas já estava no colo da Janeh. A Laura, esposa do Ricardo, que nos recebeu pois o Ricardo ainda estava no escritório. No fundo da casa, eles têm aquelas camas elásticas gigantes e as crianças não sossegaram enquanto eu não fui pular com eles. A experiencia me fez lembrar que não tenho mais 15 anos, e meu corpo não tem tanta energia como as crianças. O Ricardo chegou e entrou na brincadeira.
Um dia de muitas Decepções (U-Haul, Shell Lube, Jymmi Lube e Concessionária Crysler na I-35)
Descemos, tomamos um café e ele foi para o escritório. A Janeh ficou em casa com a Laura para dar uma ajuda com as crianças e para a Laura ir ao mercado e tirar fotos com os meninos para documentos. Eu decidi sair para tentar completar o gás e trocar o óleo do Valente antes de sair. Aí começou meu dia que pareceu dar tudo errado.
Fui primeiro a empresa U-Haul, o homem primeiro não quis olhar o tanque de gás, pediu para que eu tirasse tudo. Quando eu disse que iria demorar um pouco e que eu precisava tirar algumas coisas da frente ele já não gostou, largou a bomba e foi em direção ao escritório. Antes que ele alcançasse a porta eu o chamei. Ele voltou parece que mais desgostoso ainda. Olhou o botijão, que é do Brasil, e disse que meu tanque era muito velho e que eu tinha que comprar um novo.
Eu mostrei a válvula e disse se era a mesma e que a última carga eu fiz no México e a válvula que instalei no México foi me dito que poderia usar nos EUA. Ele novamente guardou a bomba e disse que eu estava nos EUA e não no México, e eu que voltasse para lá e pedisse para completassem o tanque! (É o que vou fazer) Pura grosseria e arrogância. Virou as costas e voltou ao seu escritório.
Fui trocar óleo no Shell Lube. Expliquei o que queria e o homem já disse que não tinha os filtros para esse carro em estoque, e por isso teria que pesquisar. Eu disse que eu os trouxe. Aí ele disse que tudo bem e mandou eu colocar o carro na rampa, foi quando ele abriu a tampa de entrada de óleo e ficou procurando os filtros. Eu mostrei onde estavam e o mecânico embaixo do carro disse que não poderia fazer o serviço pois não conseguiria acessar o filtro do óleo e que não tinha chaves ou ferramentas para tirar o protetor de carter. Fecharam o capo e disseram que não fariam. Eu disse que fiz esse serviço na Chrysler na Califórnia e então esse homem me disse, volte na Chrysler e faça com eles, você precisa de um mecânico, aqui eu só troco óleo. Segunda grosseria do dia.
Saí e fui em busca do Jymmi Lube. Chegando lá fui informado que eles também não fazem o serviço em carros que não sejam "American Cars", porém o rapaz abriu o capô do Valente e de um susto falou que estava faltando a tampa do motor onde se introduz o óleo, e quando eu olhei tudo estava com óleo por fora... mas graças a Deus a tampa estava ali em cima no canto. O Homem da Shell Lube deixou aberta a entrada de óleo do motor, fechou a tampa e eu saí dirigindo. Coisa de maluco.
Então decidi procurar uma concessionaria da Chrysler na I-35. Aí sim começou o drama. Pedi para trocar o óleo 15W40 para diesel e os filtros que eu trouxe. Simples. O rapaz não sabioa o que fazer com nosso carro estrangeiro e chamou o chefe da oficina que muito arrogante disse que não faziam serviço para Renault e que não tinham peças para esse carro. Eu disse que trouxe os filtros e que o óleo até no Walmart tem. Ele então disse que tudo bem, que se fosse como na Sprinter da MB que eles atendem, tudo certo. Porém como eu sei que eles iriam ficar com dúvidas, depois de um imenso estresse com os mecânicos que pareciam achar que nosso carro é um tanque de guerra, eu de posse do manual do carro mostrei a ele a quantidade de óleo do motor que é de 7,5 litros já com o filtro e onde ficam os filtros e quem são eles. Esse homem me pareceu ignorar e me levou a sala vip de espera.
Após quase 3 horas, que eram inicialmente 1:30h, um jovem veio dizer que meu carro estava pronto, que eu só deveria ir até o caixa e fazer o pagamento. Fiz o pagamento e ainda tive que procurar meu carro pois ninguém me disse onde ele estava. Neste momento eu vi que o filtro de combustível estava em cima do painel e não tinha sido trocado, e que o valor que paguei na Califórnia foi muito inferior do que paguei aqui no Texas. Tentei discutir mas vi que não teria mais jeito hoje.
Resumindo: Os americanos não gostam de falar espanhol, e ignoraram todas as minhas informações. Depois olharam no manual da Sprinter MB e fizeram os procedimentos como se fosse uma Sprinter. Faltou humildade para ouvir o cliente e eu disse tudo o que tinha que ser feito e como. Cobraram 12 litros sendo que só cabe 8 litros.
Com toda essa história eu dormi muito mal, ou quase não dormi. Pensava como um país tão legal, com tantas coisas lindas poderia conter tanto preconceito. E o tratamento para com os turistas, se você não falar a língua deles, ou seja, veio para cá e não fala inglês e ainda quer falar espanhol, eles simplesmente te ignoram. Beira ao ridículo, mas é assim. Não de uma forma generalizada, mas principalmente em grandes centros e grandes lojas e redes. Fui muito bem atendido e acolhido no interior, em cidades com até 700 habitantes.
Ao meio dia fomos, eu e o Ricardo, para resolver o problema na Crysler. Chegando na recepção o Ricardo pediu para falar com o gerente da oficina, que me ignorou completamente. O Ricardo falou que estávamos com um problema e queríamos resolver. Ele então nos levou a um balcão longe da entrada da oficina e de vendas e ouviu nossa queixa. O Ricardo foi muito claro, mostramos o manual do carro que diz que somente vai 7,5 litros e que não é possível eles terem colocado 12 litros. Ele argumentou e falou o que eu já sabia, que usaram os dados da Sprinter MB, mas o Ricardo falou que são diferentes, e que não estávamos ali para fazer confusão, apenas queríamos nosso dinheiro de volta. Ele então ainda juntou 12 potes vazios de óleo e nos mostrou dizendo que essa foi a quantidade de óleo que foi usada. Nós dissemos que não poderia ser. E que queríamos o nosso dinheiro de volta. Ele então foi para dentro e algum tempo depois veio e nos fez uma nova nota e devolveu a quantia de 4 litros, ou 40 dólares. Saímos e aí sim ele estendeu a mão e me pediu desculpas e ficou por isso.
Espero que não tenham colocado óleo em excesso no carro, e que isso não gere problemas futuros. Pedi ao John no Brasil para entrar em contato com a Globo Renault e eles confirmaram que somente 8 litros é possível e que o 5w30 pode ser utilizado com uma quilometragem maior de 10 mil. Então ficamos mais tranquilos.
Decidimos que vamos sair amanhã! Mesmo lutando com a vontade de ficar, vamos sair! Depois de ajeitar tudo para o dia seguinte, fomos descansar!
Austin a Brownsville
O café da manhã com panquecas foi preparado por um amigo do Ricardo que dormiu ali com sua esposa. Estava uma delícia aquelas panquecas. Uma ideia para nossos futuros cafés da manhã.
Oramos em família, o Ricardo por nós e nós por eles, fizemos a última foto e saímos. Eu segurei o choro, a Jane também, mas foi nítido as lágrimas engolidas nos olhos do Ricardo. Partimos e ainda paramos mais uma vez no Walmart para pegar suco, paramos para abastecer e aí sim, tocamos direto até Brownsville, última cidade na fronteira com o México.
Chegamos após seis horas de viagem, procuramos um Walmart para nossa última noite nos EUA, depois de muitas dormidas em muitos Walmart da vida.
Ainda na estrada quando passei pelo primeiro posto de fiscalização da polícia federal quando se entra nos EUA lembrei-me do dia em que passamos ali, e quão emocionante foi. Chorei, chorei muito, segurei uma mão ao volante do Valente que nos trouxe, conduziu com destreza, coragem e participou de nossas aventuras e a outra mão segurei na mão da Janeh.
Eu tenho certeza eu não sou o homem dos seus sonhos porque nem ela nem eu um dia sonhamos em estar casados com uma pessoa assim e fazer tudo o que estamos fazendo. É incrível tudo o que fizemos e vivemos nestes nove meses. Choramos juntos, fizemos silêncio juntos, não sabíamos o porquê exatamente de nosso choro, pois tem um misto de alegria, realização, saudade, de quem ficou aqui e de quem deixamos no Brasil e nos aguarda, do que vamos viver e enfrentar ainda pela frente, dos novos caminhos e novas aventuras, e da gratidão a Deus, que até aqui nos ajudo, nos guardou e nos permitiu viver tudo o que vivemos. Enfim, choro e mais choro o peito apertado, as pernas moles, a respiração pesada, um conjunto de sentimentos quase desconhecidos, mas que temos aprendido a viver e controlar.
Buscamos a ponte internacional e entramos, fomos devagar procurando a placa de imigração para fazer a nossa saída dos passaportes e depois a aduana nos EUA. Porém, chegamos primeiro ao pedágio da ponte, e nos cobraram $ 3,50 dólares, e eu perguntei onde fazia a saída dos Passaportes, o homem me disse que não precisava, só pagar e sair. Achamos estranho e fizemos assim. Seguimos a limpa, organizada e sinalizada fronteira do México e quando apresentamos nossos passaportes eles nos disseram que não fizemos a saída, então eu perguntei onde fazer, e ela disse que deveríamos voltar e fazer antes do pedágio. Detalhe, para sair dali teríamos que entrar no México, sair novamente e ir pra os EUA fazer a Saída. Pronto, está feito o rolo. O tio do pedágio da ponte de entrada para os EUA não quis conversa. São $2,75 dólares para passar. Pagamos e voltamos. Aí tínhamos outro desafio: explica como eu estou do lado mexicano com o visto americano? Ali é entrada e eu queira sair, estava errado, sim, mas explica pra um, pra outro até que eles entenderam e o mais importante, reconheceram que não tem placa ou sinalização.
Tudo certo liberado e tínhamos que passar novamente no pedágio.O senhor da primeira guarita perguntou o que eu estava fazendo ali novamente, ai fui explicar tudo de novo! Mas ele foi gente boa e liberou sem cobrar novamente! Na Imigração mexicana, serviço de primeira, rápidos e práticos, não revisaram o carro, só perguntaram, se tínhamos só pertences pessoais, dissemos que sim e foi tudo. Para entrar teríamos que pagar uma taxa de 332 pesos mexicanos coisa de 24 dólares, porém o banco estava fechado por ser domingo e ela deixou assim, disse para pagarmos quando saíssemos.
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