Retorno - Chile

De Volta ao Chile...

Fomos fazer a entrada para o Chile e depois de muito vai lá e volta, revisa um, revisa outro, chama os "peros", que deixaram o carro cheio de pelos, nos liberaram. Aqui não nos exigiram a carta verde, e assim entramos no Chile. Nosso GPS simplesmente não ligou mais. Sem GPS nossa opção agora é “seguir e ver onde Deus nos leva”.

Seguimos pela costa e chegamos ao estacionamento próximo no Porto de Arica, uma das entradas, bem próximo ao centro e um lugar bem turístico, limpo e onde já se encontravam outros viajantes, um grande caminhão da França e uma jabiraca da Argentina. Digo isso carinhosamente, pois até uns canos de pvc brancos com uma invenção maluca tinha em cima do carro.

Trancamos tudo e fomos procurar um cyber café para tentar um downloads de mapas. Mas o GPS travou de um jeito que nem liga mais. Agora sem GPS MESMO. Desistimos desse assunto por hoje e voltamos ao carro. A Janeh foi preparar algo para comermos e tomou um banho e eu saí e liguei o gerador porque nosso alternador não está carregando a bateria, e não sabemos qual é exatamente o problema. Ele vem se arrastando há alguns dias e vamos tentar resolver em Iquique.

Eu dei uma saída e vi que os franceses saíram do seu grande caminhão que mais parece um tanque de guerra e fui ao seu encontro. Um casal de aparência de 60 anos, estavam ali assistindo, e bem a brasileira cheguei, perguntei de onde eram e me apresentei. Gaston e Elisabeth, muito simpáticos, eles contaram que estão viajando há nove anos, e desde janeiro de 2014 estão na América do Sul. Trocamos umas ideias e eles estão indo para o sul assim como nós e ficamos de nos encontrar em Iquique. Dei as coordenadas do camping e quem sabe nos encontraremos.

Humberstone, a cidade fantasma!

O lugar onde ficamos, na frente da entrada do porto em Arica e o movimento de entrada e saída de caminhões começa cedo. Isso fez com que despertássemos logo. Decidimos ir em direção a Iquique. Arrumamos tudo e partimos. 

No caminho encontramos o mercado público que visitamos com o Claudinei, que voltou ao Brasil, e decidimos parar e compra ovos e umas frutas. Fizemos a feira e seguimos viagem, são apenas 300 quilômetros e dá para fazer tranquilo. 

Dirigíamos tranquilo quando lá pelas tantas passamos por um grande outdoor dizendo: "NÃO TRAGA FRUTAS DA REGIÃO DE ARICA PARA O SUL". Bah, e agora? Acabamos de comprar frutas fresquinhas? Mais uns quilômetros, e uma aduana com posto policial, com parada obrigatória para todo mundo. Pediram apenas a minha habilitação e eu já dei a internacional. O guarda olhou e devolver, pediu para olhar o carro dentro e chamou outro companheiro e disse: " Mira que bonita! Adelante!". Ufa, passamos! 

Um fato que me chamou a atenção foi que ele disse para mim: "Buenas tardes señor...!". Eu questionei por que “Buenas tardes”? e ele disse que eram 12:40h!  E os nossos relógios marcavam 10:40h.  Como assim? Onde perdemos o fuso? Conversando descobrimos que quando saímos do Peru ganhamos 2 horas de fuso! A ta, obrigada por avisar! Então, isso explica o porquê tão cedo os caminhões no porto estavam trabalhando! Quando para nós eram cinco, seis da manhã, já eram sete, oito para eles, na realidade. Sem problemas, ajustamos os relógios e seguimos. 

Encontramos a cidade fantasma de Huberstone, Patrimônio cultural da Humanidade. O lugar é muito interessante, uma antiga cidade de tratamento de Nitrato, no Atacama, que devido a Grande Depressão entrou em Colapso, tornando-se uma cidade Fantasma, em 1960. Em 2005 tornou-se Patrimônio Cultural da Humanidade, sendo aberto à visitação. Ali é possível ver conservados sinais de uma cidade estruturada, e nos permite saber um pouco como vivia estas pessoas desde 1972, quando foi fundada! Muito interessante!

De volta a Iquique

Depois de visitar Huberstone seguimos em direção à cidade de Alto Hospício e encontramos aquele visual fantástico de Iquique. Uma descida forte que dá uma medinho, pois estamos descendo em zíg zag uma grande duna onde podemos avistar a cidade inteira abaixo. O povo desce a mais de 100km/h. É show! Decidimos ir direto a Zofri para tentar resolver a questão do GPS. Como manutenção é só em Santiago, compramos um novo.

Fomos ao Camping Cabañas Três Islas e nos instalamos novamente no mesmo lugar de onze meses atrás, novamente uma sensação boa ter ido e vencido! Tomamos aquele banho gostoso e demorado e fomos dormir.Hoje é domingo, e pensamos em ir ao culto na igreja aqui em Iquique, pois conhecemos o César e sua família e a família do Castro aqui. Vamos tentar reencontrá-los. 

Tomamos café e saímos. O nosso novo GPS, é bem melhor que o anterior. Rápido e prático, e simplesmente coloquei as coordenadas com o endereço e ela nos guiou até a Igreja. Chegando lá já reencontramos o César, e foi aquela coisa de sempre, uma realização voltar. Passamos o dia ainda com o Cesar e famìlia. 

Saindo dali já perto das 18hs ainda fomos procurar um posto para dar uma lavada no Valente que não vê água há duas semanas. Ali aconteceu algo desagradável quando estávamos na fila dos carros para lavar. Cheguei, entrei na fila, porém nosso carro é grande e fiquei um pouco antes para não trancar a passagem. Nisso um outro sujeito chegou entrou na nossa frente. Ele foi avisado pelo frentista que nosso carro estava primeiro. A princípio ele disse que tudo bem, porém quando a fila andou ele não respeitou. O frentista pela terceira vez pediu para que ele esperasse e ele fechou os vidros e ignorou. Então eu desci e fui até lá e bati no vidro e disse que ele estava faltando com respeito e isso não era correto e voltei ao nosso carro. O sujeito me chamou de estúpido e se trancou no carro. Bem, esperamos, lavamos o Valente e nos dirigimos ao camping, paramos para abastecer e comprar gasolina para o gerador. 

Deste posto, que está bem próximo do camping eu pude avistar o local e vi que o carro dos franceses, que conhecemos em Arica, não estava lá. Mais à frente comentei com a Janeh, que achava que eles não viriam, e seguimos mais uns quilômetros. Quando parei no portão do camping, olhei pelo espelho retrovisor e vi o caminhão dos franceses, Gaston e Elisabeth, atrás de nós. Uau, incrível essas coincidências. Depois, eles nos disseram que a coordenada que demos dizia para irem dois quilômetros à frente, mas eles nos viram e nos seguiram. Se nada do que aconteceu tivesse acontecido hoje, nós teríamos chegado antes e eles não teriam nos visto. Deus é sempre assim... cada coisa ruim, traz algo bom e eu saberia bem nos dias seguintes!

Revendo amigos e Estreitando Laços

À noite foi tranquila e silenciosa, temperatura agradável para dormir, tudo perfeito. Acordar em Iquique é especial para mim.

O Gaston, disse ontem que iria me ajudar com a parte elétrica do Valente que não está carregando a bateria da casa corretamente. Enquanto a Janeh preparava o café ele veio ao nosso encontro dando bom dia e pedindo para ver o que estava acontecendo. Abri o carro e medimos daqui e dali e concluímos que realmente não estava chegando energia pelo alternador na bateria da casa, somente chegava na do carro. Gastamos um bom tempo em descobrir onde tudo passava e como medir. E concluímos que está na bobina de start que faz a separação entre as duas baterias. 

Depois, fui conhecer a mecânica e elétrica do caminhão francês. Incrível como ele tem as coisas construídas e adaptadas com muitas invenções próprias. Trocamos muita informação, eu recebi mais do que informei, mas foi uma manhã muito proveitosa. 

A nossa tarde, estava programada  uma visita ao Cesar e a Deise, irmãos missionários da JMM que vivem em Iquique e com quem não tivemos em nossa primeira vez. Combinamos de fazer uma cuca de banana juntos, e então fomos ao seu encontro. Para aproveitar o trabalho e o forno, sugeri a Janeh para fazer duas, assim levaríamos uma conosco, ou ao menos um pedaço.

A recepção brasileira é sempre calorosa. Enquanto eu conversava com o César, a Janeh foi para a cozinha com a Deise iniciando assim os preparativos. Entramos na casa e rolou muito papo, testemunho, as cucas ficaram ótimas, café e comunhão. Depois de cinco horas de visita oramos juntos e partimos – sem cuca - em direção ao camping. Ficou novamente a saudade de pessoas tão especiais.  

O Gaston veio, uma vez mais, para medirmos e tentarmos confirmar nossa teoria sobre o porquê não está passando energia para a segunda bateria. Concluímos que o start funciona, porém não passa energia e ele deve ser o grande vilão. Porém onde encontrar uma bobina como essa aqui em Iquique? Coloquei o gerador para funcionar por umas três horas, tempo suficiente para carregar a bateria e fomos almoçar. Porém, antes falei com o senhor Robin que olhou o Start e confirmou que estava queimado. Ele disse que poderia sim encontrar essa peça no centro, mas não saberia dizer o nome da rua. Então, eu perguntei se ele não poderia ir comigo e fazer essa compra. Ele concordou e disse que as 15:30hs poderia sair. Ótimo! Combinado isso, fomos almoçar com os franceses.

Levamos um vinho e a recepção foi muito show, com direito a aperitivo, salgadinhos, uma refeição a lá francesa e sobremesa, além de muita risada e bom papo. Falamos sobre as razões da vida que nos fazem tomar decisões rápidas de viver de forma mais simples e com menos. Eles contaram sua história e nós contamos a nossa. Não é necessário dizer que o tempo voou e o senhor Robin estava ali buzinando com seu caminhão para que eu fosse com ele comprar o Start. 

Foi mais fácil que eu pensava, e na primeira loja não tinham, porém disseram onde poderíamos achar. E na segunda encontramos por trinta dólares. Foi dentro do que eu imaginava, e desde que funcione, maravilha, vale o que faz! Retornamos ao camping e ele nem cobrou por ter ido comigo. O Gaston veio fazer a instalação e testamos. Agora sim, motor ligado e 14 amperes indo para as duas baterias. Show, agradeci a Deus em primeiro lugar e a todos que Ele colocou em nosso caminho para ajudar.

Lá pelas oito da noite o Gaston e a Elizabeth vieram ao nosso carro para rever alguns planos e compartilhar com os nossos. Eu confesso que ainda estou na dúvida sobre o nosso destino. Se passamos pelo Paso Jama e entramos na Argentina ou descemos direto pelo Chile. Estou aguardando para ouvir de Deus que direção tomar. Eles queriam ouvir um pouco de música, e então peguei o violão e cantamos algumas canções. A Garota de Ipanema sempre agrada, depois músicas que conhecemos.

Dia de decidir o Destino

Acordamos com um lindo dia, e a vontade de não ir mais embora. Mas hoje temos que decidir por onde vamos, se Paso Jama ou descer ao sul do Chile. Também ir ao centro e resolver algumas questões como comprar um transformador 110 x 220 para o Valente.

Decidimos que faríamos essas coisas no período da tarde, e quando fomos sair perguntamos aos franceses se precisavam de algo do supermercado. Nos pediram leite, frutas e pão, e assim fizemos. Buscando na Zofri por um transformador, encontrei pela metade do preço que tinha visto no centro, Maravilha. Resolvemos as questões por ali e fomos ao supermercado.

Hoje é dia de despedidas, todos vão para um lado diferente. Os franceses para o Atacama, os argentinos para o norte, em Arica e nós para o sul, para Antofagasta. Orei a Deus e senti paz de ir nessa direção. Todos desarmando acampamento e tirando fotos, as últimas, e trocando e-mails e contatos para o futuro. Foi um tempo de quase lágrimas pois conhecer o Gaston e a Elisabeth foi muito precioso!

Quando subi para pagar a conta a mulher do camping estava cobrando a saída do funcionário dela comigo para buscar a peça do Valente. E queria saber por que não pagamos o serviço. Eu expliquei que perguntei ao Sr. Robin quanto era o custo de ter ido ao centro comigo e achado a peça. Ele disse que não era nada. Ela não quis saber e disse que um serviço técnico não sairia por menos de cinquenta mil pesos (nós estávamos pagando em 4 dias, 60 mil pesos pelo camping – pensa!). É claro que eu disse ser muito e que só tinha quinze mil. Ela aceitou muito a contra gosto. Eu estava em paz, pois eu perguntei e ele disse que não era nada. Para não deixar a coisa ruim, paguei quinze mil, o que acho justo, pois se fosse pegar um táxi de ida e volta pagaria isso e não mais. E quem fez o serviço de instalação foi o Gaston e não o Robin. Partimos.

El Loa

Seguimos em direção à Antofagasta e quando chegamos a Rio Loa paramos na aduana para verificação rotineira. O incrível foi que agora, a duas semanas estão trabalhando com um novo e moderno sistema de scaner nos veículos somente para quem vem do Norte em direção ao Sul. Buscam drogas e armas. O pessoal foi bem gente boa e nos permitiu inclusive fazer fotos do sistema. Liberados, seguimos até a cidade de Tocopilla e paramos para um lanche. Depois mais um trecho, agora os quilômetros novos. Passamos por muito deserto ainda, porém seguindo pela costa.

Passagem por Gático - um Cemitério de Crianças

No km 135 da Ruta 1 na região II do Chile, passamos por Gático, que nos pareceu uma cidade fantasma, porém antes e depois existem dois cemitérios com sepulturas que parecem berços, o que nos chamou a atenção. No meio do deserto uma centena de berços de madeira, todos da mesma cor, com cruzes e bichos de pelúcia em cada um. Paramos e fotografamos, e percebemos que estão ali desde o ano de 1900, e somente tem placas de crianças até adolescentes de 14 anos, que morreram e foram enterrados ali.

De volta a Altofagasta

Seguimos e chegamos a Antofagasta, uma cidade grande e com muito barulho. Não temos um lugar certo para ficar aqui. Fomos a um primeiro ponto de sugestão do IOverlander e não gostei do lugar. Uma pequena praia próxima à periferia da cidade sem policiamento e com muitos jovens usando drogas ao final da tarde. Muita gente morando na rua, ou na praia e não senti paz de ficar ali. Ainda fomos ao supermercado e ali perguntei ao segurança que deveríamos ir mais adiante em uma outra praia com um estacionamento fora da estrada, era mais indicado pois existe policiamento e ficaríamos melhor.

Fomos então até a Praça Croácia, onde tinha um circo montado. Entramos e estacionamos nos fundos! A opção foi show, pois realmente fica na beira da praia, porém não exatamente na areia, longe da rodovia principal, é bem tranquila. Paramos de frente para o pôr do sol, colocamos nossas cadeiras e mesa na rua, abrimos um vinho com pão e queijo que compramos e ali compartilhamos aquele momento especial, sonhando com o futuro e com nossas vidas, após esse projeto de um ano. Deus nos permita viver assim, mais tranquilos e com menos.

Durante a noite o que incomodou foi somente o barulho das ondas, coisa horrível dormir ouvindo o mar. Ainda não estamos adaptados ao novo fuso desde que saímos do Peru. Duas horas é muita coisa, e às oito da manhã ainda está escuro, começando a amanhecer.

Seguindo pelo deserto

Às oito estávamos de pé e decidimos tomar café mais adiante, uns 50 km, no deserto onde existe a escultura "Mano del desierto". Seguimos montanha acima até a mão do deserto e estacionamos para o café. Me sinto privilegiado de estar ali, em meio ao deserto, no meio das montanhas com um céu azul lindo, uma brisa e temperatura agradável tomando café da manhã.

É algo privilegiado demais. Uma liberdade, completa liberdade. Claro que é bom ter um carro com cozinha, alimentos saudáveis, fogão, frigobar e tudo que temos no Valente. Mas ao contrário do que tínhamos no Brasil, uma de 340 litros com freezer que sempre estava vazio. Hoje temos tudo o que precisamos em um frigobar. E a Janeh faz ótimas refeições com apenas uma boca de fogão. A pia é tão pequena que não mal cabe um prato de comida, mas nós nos viramos super bem com o que temos. A vontade de viver para sempre assim é enorme.

Seguimos viajem pois hoje devemos cumprir um bom trajeto de quase 600 km até a cidade de Copiapó. Não temos pressa e será um passeio. Paramos em um mirante na estrada com um visual incrível para almoçar. Peguei as cadeiras e a mesa e coloquei na rua, a Janeh fez um lanche de frango com suco e frutas e ficamos ali. Aqui nessa região os postos ficam entre 200 a 300 km de distância um do outro. Nosso Valente tem uma autonomia de uns 900 km então para nós não é muito problema, mas para carros pequenos pode ser.

Chañaral, uma Cidade Destruída pelas Chuvas

Após o almoço novamente seguimos e essa parte da viajem foi a mais triste é cansativa. Triste porque passamos pela cidade de Chañaral que no dia 25 de março foi atingida duramente por chuvas, após muitos anos, por pertencer à região desértica do Atacama. Neste dia choveu o equivalente a 40 dias de chuva em 24 horas, dia e noite formando um grande rio descendo das montanhas e varrendo a cidade que fica abaixo na entrada do mar. O resultado foi devastador, arrasando a cidade, já que foram pegos completamente de surpresa, e a água com lodo não tinha para onde ir, pois o mar à frente não recebia e as montanhas despejaram muita água por tudo.

Amanhã faz um mês da tragédia que arrasou outras cidades à frente também como Copiapó, porém temos informação que Chañaral foi a mais atingida com um grande saldo de mortos e desaparecidos. A panamericana passa no meio da cidade, porém desapareceu. O Exército abriu uma estrada e a cidade está destruída, uma visão muito triste.

O trajeto foi cansativo, com muitas obras no caminho. ruas e muito pó. Grandes empresas ainda se recuperando do estragos das chuvas também, e nas modernas e duplicadas rodovias, destruição e mais destruição. Devido ao horário avançado, procuramos um posto Pronto Copec para parar. Aqui encontramos internet free, apesar do meu celular não conseguir conexão, somente o da Janeh e o Ipad, e duchas pagas para um banho mais demorado, porém frio. Conseguimos água para encher o tanque e um lugar para estacionar e passar a noite.

Amanhã seguimos para La Serena onde encontraremos o nosso amigo Heinz que nos aguarda antes de voltar por uns tempos para a Suíça.

Guanaqueros e Reencontro com Heinz

À noite foi ótima, realmente muito silencioso por ser uma parada de caminhões em um posto. Classificamos como o mais quieto de todos os que ficamos até agora. Tomamos café ainda no carro e partimos. O dia estava bem nublado e com uma ameaça de chuva, uns poucos pingos ameaçaram cair, mas chuva no deserto, não dá para esperar muito. Pegamos sim muita neblina forte na estrada, às 11:30 h não víamos cinco metros à frente.

Chegamos a La Serena por volta das quatorze horas e passamos no Easy para dar uma volta e quando pesquisava o valor do óleo para o motor, o atendente nos ajudou em muitos aspectos. Tínhamos uma dúvida sobre o Paso que existe aqui em La Serena para a Argentina e fomos informados que o lado argentino está bom, porém o lado chileno, devido às chuvas que caíram por aqui causou estragos por ali também. Desistimos da ideia com essa informação.

Seguimos até a praia de  Guanaqueros onde tínhamos a direção do Camping Guanaqueros onde o Heinz se encontra. Não foi difícil achar, pois está em uma pequena praia e logo encontramos. Quando chegamos ele não estava, mas vimos suas roupas penduradas perto da escada de sua camper e o fio elétrico. Pensamos que ele saiu para jogar golf, é o que mais faz.

Mais tarde o Heinz chegou o parou sua camper em frente a nossa e veio nos cumprimentar. Foi mais um reencontro dos bons. Sentamo-nos e conversamos sobre a sua viajem ao sua e sobre a nossa ao norte. Combinamos de fazer uma massa juntos, ele trouxe um vinho e umas linguiças suíças e a Janeh preparou um espaguete com molho de champignon e as linguiças com um bom vinho e pão assim ficamos até perto da meia noite conversando.

Pela manhã saímos com o Heinz para dar uma caminhada ao centro, que está a 200 metros do camping e é bem pequeno e simpático, e como é domingo tem um movimento diferente, com turistas e gente que vive por aqui aproveitando-se do movimento para vender artesanato. Fomos ver uns pelicanos bem de perto e uns lobos marinhos que ficam por ali bem tranquilos esperando uma refeição dos pescadores. Caminhamos pela praia e um vento forte começou a soprar, e retornamos.

A Janeh se superou com mais uma janta fazendo maionese que o Heinz não conhecia, salada com tomates, cogumelos, cebola roxa, azeitonas e cenoura, regado a um vinho shyra de 2006, pão chileno e uma deliciosa carne. Depois de muitos meses fizemos um churrasco. A última vez que me lembro foi em novembro ou início de dezembro quando nos EUA fomos visitar o parque nacional Yosemite. Nos Estados Unidos a carne é cara e nos países da América Central são caras e ruins. Aqui no Chile voltamos a comprar carne finalmente. Mesmo não sendo Uruguai, Argentina ou Brasil, já dá para encarar. Na praia fazendo churrasco, pode parecer estranho, mas estamos há muitos meses viajando pela praia e comendo peixe. Um churrasco com amigos vai muito bem.

Seguindo Viagem...

Terminamos de arrumar tudo e começamos a despedida. Em mais uns dias ele vai deixar sua camper em Santiago do Chile e vai para a Suíça passar o verão por lá, enquanto aqui é inverno. Nos despedimos, e ficou a vontade de no próximo ano nos encontrarmos uma vez mais que, sabe na Argentina ou Chile, mais ao sul. 

Abasteci o carro com água e partimos em direção a Hijuelas, porém devido ao horário avançado, talvez não cheguemos a tão longe, cerca de 450 km. Um posto Copec no caminho pode ser nosso destino. No caminho, muitas fotos e uma parada em um morador de um dos parques Eólicos do Chile, mais umas fotos e seguimos. Seguimos e encontramos um Pronto Copec em Llay Llay. Ali escolhemos um lugar, porém os banhos aqui, somente para homens, e a Janeh não poderia usar o banheiro. Achamos estranho mais era ordem expressa, sem mulheres nos banheiros.

Cruzando Fronteira para a Argentina

Café tomado, vamos em direção a Los Andes e subir a cordilheira para cruzar hoje para Argentina e decidiremos onde ficar onde estivermos. Esse trecho da viajem é muito bonito, pois passamos por diversos vinhedos e pequenas cidades onde tem um clima europeu muito agradável, tanto no clima quanto nas construções. Eu já subi esse lado da montanha uma vez e desci uma e confesso que subir é bem mais tranquilo, porque subimos quase 1000 m.s.n.m. em 15 minutos a 30 km/h, e chegamos ao Paso com 3200 m.s.n.m. bem tranquilos.

...Leia mais em Diário Fase I – Retorno - Argentina.

 

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