Argentina - Los Antiguos a El Chaltén

 

Trajeto VII- Los Antiguos - Perito Moreno - Bajo Caracoles - Gobernador Gregores - Três Lagos - El Chalten

25/01 - Cruzando a Fronteira até Bajo Caracoles

Nós passamos com tranquilidade e rapidez pelas fronteiras, tanto no Paso Rio Jeinemeni, no Chile, como na entrada da Argentina, Paso Antiguas! 

Paramos em Antiguas para carregar créditos e compramos as deliciosas medialunas argentinas. Hum, que saudades! Seguimos a Perito Moreno onde paramos no mercado e depois fomos procurar os sanduíches de milanesa, que o Toninho ama. Não achamos! Hora da sesta e tudo fechado! 

Resolvemos seguir viagem até Bajo Caracoles. No caminho, muitos guanacos e ñandus! Aos montes! E a paisagem de pampa, com um vento maluco todo o tempo! 

Chegamos a Bajo Caracoles, uma cidade de menos de 500 habitantes e quatro quadras. Estacionamos em frente ao Juzgado de Paz e dormimos ali.

 

26/01- De Bajo Caracoles a Gobernador Gregores

Trecho com muitas paradas na estrada para fotografar raposas, gaviões e guanacos. Interessante que há cerca nos dois lados da Ruta 40 para que eles não cruzem a pista, mas eles as saltam! É preciso cuidar pois cruzam a pista sem aviso! E alguns ficam presos na cerca e ali morrem. Nós vimos muitas carcaças de guanacos penduradas nas cercas... Triste...

Chegamos a Gobernador Gregores final da tarde e fomos ao camping municipal. O Toninho conversou com alguns motoristas que nos falaram sobre os trechos da Ruta 40 dali para baixo e seu estado, nada bom pelo jeito!

O camping municipal é gratuito mas a mulher que estava cuidando, ao ver que éramos estrangeiros, quis nos cobrar $200 pesos, mas o Toninho, que já tinha se informado, se recusou a pagar! 

 

 

27/01 - Rumo El Chaltén, encontro com a experiência!

Nos despedimos de nossos amigos que vão ficar mais uns dias por aqui, e seguimos para El Chaltén. 

Sabemos que temos 70 km em estrada sem asfalto e em estado ruim. Mas a paisagem e a vista do lago Cardiel torna a viagem especial. Com muitas paradas para fotos. Numa dessas paradas,  reencontramos o motociclista Roberto Valeuzeula, de Nogales, Arizona, que conhecemos na cidade anterior, que Parou para saber se estávamos bem.

Seguimos viagem e o trecho final estava mais difícil! Enfim chegamos ao asfalto depois de setenta quilômetros dificeis e quatro horas e meia manejando! Chegamos a Três lagos final de tarde e paramos em um Ypf, o único na região, onde vendem combustível racionado, devido a dificuldade de chegar combustível por aqui! Máximo de $300 pesos por pessoa! 

Entramos e encontramos novamente o Sr. Roberto Valeuzuela. Fizemos um lanche juntos! Muito simpático, queria saber mais sobre nossa história! Nos achou muito jovens para estar na estrada! 

Nos despedimos uma hora depois e seguimos para El Chaltén! A vista dos glaciares, dos ventisqueiros à beira do lago Viedma é estupenda! O céu está com núvens, mas mesmo assim, encanta. Paramos em um mirante onde a vista do Fitz Roy acima da simpática cidade de El Chaltén, dá a ela um ar de fragilidade diante de sua grandiosidade!

Passamos no centro de visitantes, que estava fechado, e seguimos até o estacionamento para motor homes na entrada das trilhas do Fitz Roy. O local estava repleto de motor homes de todo o mundo! Estacionamos ao lado de um carro da França, tomamos um chá e caímos na cama exaustos! 

 

28/01 - Dia de preparação...

O dia amanheceu nublado e com muito vento! Temperatura de 18 graus mas por causa do vento a sensação é de uns 12 graus.  

Fomos caminhar pelo centro. El Chaltén é uma cidade turística, de arquitetura alemã, muito agradável. Aqui é possível ver a quantidade de turistas, na sua maioria backpackers, ou mochileiros, de todo o mundo! Incrível, é só parar em uma esquina e ficar ouvindo o pessoal passar! Americanos, franceses, italianos, israelenses, chineses, japoneses, argentinos, alemães... a quantidade de línguas é absurda! Penso que nunca fomos a um lugar com tantos turistas! Talvez no Equador, em Baños e Montañita.

À tarde fomos ao centro de informações e nos interamos de todos os senderos disponíveis! 

Resolvemos fazer uma pequena trilha de uma hora e meia, o senderos de Las Águilas e de Los Condores. Na verdade são dois, mas um está dentro do outro então, fizemos os dois. A vista é linda do Fitz Roy e do Lago Viedma! 

Ficamoso por lá curtindo e depois retornamos ao estacionamento. 

Amanhã pretendemos fazer uma trilha de oito horas, precisamos descansar!

 

29/01 - O grande desafio: Sendero Fitz Roy - 20.4 km de caminhada.

As nove e quarenta e cinco estávamos na entrada do Sendero ao Fitz Roy, chamado Lago de los Tres, são 10.5 km de caminhada, sendo o último quilômetro com uma subida de 500 metros em pedras. A placa nos anuncia uma trilha de dificuldade média/alta. Vamos ver como será! 

Em uma hora e meia, quatro quilômetros depois, estávamos no Mirador del Fitz Roy, depois de muita subida e escada, 350 metros bem cansativos, nos deparamos com sua vista, lindo com céu azul, maravilhoso! Nos sentamos no mirante para descansar, e todo tempo chegavam pessoas do mundo todo e a expressão de todos ao chegar é sempre a mesma: "Uau!!" É uma cara de queixo caído. Se torna muito divertido depois de algum tempo vendo a mesma cena! Alguns sentam e ficam por quinze, vinte minutos, meia hora, só admirando... 

Suas montanhas claras com seus tons avermelhados se misturam ao gelo e dão um espetáculo! O Fitz Roy acaba ficando em destaque com seus 3.405m.s.n.m, e o cerro Torre com 3.102 m.s.n.m. 

Seguimos a trilha por mais cinco quilômetros margeando o Ro de las vueltas, em meio a floresta mas em um terreno mais plano. Paramos as margens do rio para reabastecer as energias com um lanche e carregar nossas garrafas de água! Entramos no meio da mata e seguimos até Rio Blanco, ou ao Poincenot, local onde nos deparamos com inúmeras barracas dos mochileiros que sobem até aqui, montam acampamento e ficam fazendo as diversas trilhas que tem para fazer! 

Já estávamos caminhando há quatro horas e tinhamos mais um quilômetro pela frente em subida de 500 metros e estávamos na expectativa do que viria! 

Embora tenhamos feito a trilha da Piedra Perez de alta dificuldade, não estávamos preparados para o que viria a seguir: foram uma hora e quinze (Toninho) uma hora e trinta e cinco(para mim) morro acima escalando pedras soltas! Muito exaustivo e parecia um caminho sem fim!

Chegar ao topo é como chegar ao Oásis depois de um longo deserto. A visão dos cerros, das geleiras imensas e das lagunas de degelo de cor esmeralda, com um vento agradável soprando no rosto é por demais compensador! É uma sensação de alívio indescritível! 

Nos jogamos no chão, e ali ficamos, exaustos, acabados, mas com sentimento de dever cumprido! Nós descansamos e ficamos contemplando, lanchando, caminhando por ali por uma hora e meia!

As cinco horas resolvemos descer e levamos uma hora só para fazer o primeiro tramo de um quilômetro! Descida íngreme em pedras escorregadias, requer atenção e paciência! 

Janeh: A esta altura meus pés ardiam na sola e os joelhos reclamavam a cada passo! 

E ainda tínhamos nove quilômetros pela frente! 

Paramos no Rio Blanco para molhar os pés e descansar! 

As duas horas seguintes pareceram mais demoradas que as oito que fizemos até agora! Descida, o que era pra ser tranquilo se tornou um acúmulo de dor e cansaço e pareceu interminável! 

Janeh: o último quilômetro me arrancou lágrimas. Com os pés em bolhas, sem posição para pisar, cada passo exigia um controle da dor, nos pés e nos joelhos, e fazia o trecho parecer interminável...

Chegamos a entrada do Parque as oito e meia da noite! Exatas dez horas e quarenta e cinco minutos depois! Com sensação de meta alcançada, exaustos, mas felizes! 

 

 

30/01 - Dia de descanso! 

Levantamos as nove, tomamos café e fomos dar uma navegada para ver se tinham mensagens urgentes. Algo interessante. A internet aqui fica identificada como G que simboliza a GRPS, internet por rádio, utilizada em  lugares mais remotos. Mas a nossa simplesmente não faz nada! Diz que tem sinal, temos crédito mas não funciona! 

Retornamos e ficamos baixando fotos e atualizando diário! 

Sentimento de dever cumprido... Já podemos seguir a El Calafate!

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