Argentina-Chile-Argentina - Tierra del Fuego
Trajeto IX: Tierra del Fuego
Argentina: Paso San Sebastian - Rio Grande - Ushuaia - Rio Grande - Paso Sebastian
Chile:Paso San Sebastian - Punta Delgada
Argentina: Paso Integracion Austral
14/02 - Rio Grande - lugar de encontros...
A fronteira da Argentina foi igualmente simples e rápida. Mais simpática que a do Chile, como sempre e sem revistas.
Livres do Rípio por enquanto, seguimos á cidade de Rio Grande onde paramos no supermercado La Anônima. Quando saímos do mercado tinham dois motor nomes do Brasil estacionados e um dos motoristas veio em nossa direção. Fomos conversar. Um casal de Goiânia, e um casal de Armazem, Santa Catarina. Acabam de vir do Ushuaia. Muito simpáticos. Nos falaram para ficarmos estacionados ali para conversarmos mais.
Foi uma noite de troca de informações e dicas com o Volnei e Ana e o filho Volnei Jr, do Giro pela América, de Armazem- SC e o Sr. Miguel de Goiânia.
Dormimos no Estacionamento do La Anonima.
15/02 - Rio Grande
Os vizinhos saíram cedo e nem tiramos fotos com eles! Seguiram para o norte! Passamos o dia correndo em lojas de repostos! Aproveitamos que na Argentina tem peças para o Valente! Trocamos o relê, filtro de combustivel, borrachas do escapamento e até conseguimos um Latoeiro, o Juan Carlo, muito simpático, que resolveu o problema da porta traseira, que tinha entortado por causa do vento forte, e nem cobrou nada!
À noite dormimos na Praia.. Um vento nos sacudiu toda a noite! Rio Grande é a cidade dos ventos fortes!
Amanha... Ushuaia!
16/02 - Rumo Ushuaia!
Depois de muito vento, finalmente ele nos deu uma trégua e conseguimos dormir! Acordamos com um dia ensolarado e com menos vento! À noite fez quatro graus!
Ás dez horas deixamos o Rio Grande em direção ao Ushuaia. Na estrada muito vento, e a paisagem do mar, com uma maré bem baixa, muita vegetação rasteira, rios, florestas, pássaros e guanacos! Viajamos, hora com ventos a favor, hora com ventos contrários... Passamos por motociclistas e ciclistas lutando contra o vento para chegar ao mesmo destino: o fim do mundo!
À medida que Ushuaia se aproxima, o frio aumenta. E no horizonte, a cadeia de montanhas vai dando nova forma a paisagem. O dia nublado e chuvoso torna o clima ainda mais frio!
Chegamos ao Ushuaia e a placa da entrada da cidade nos traz a sensação de objetivo atingido, meta alcançada! Muito bom, depois de um ano e onze meses que saímos do Brasil com o objetivo de vir ao Ushuaia!
Seguimos ao centro da cidade, de frente ao Canal de Beagle, com a Ilha Navarino, com Puerto Williams, no Chile à frente, e a Cordilheira de Darwin, também no Chile, á direita!
Estacionamos ali em frente ao canal de onde podemos ver os navios, barcos de passeios e os transatlânticos. Uma multidão de turistas do mundo todo por aqui! Muitas línguas são ouvidas em todos os lados!
Fomos a central de informações, fizemos almoço, almoçamos e as três horas fomos fazer um citytour no Doble Decker, que nos disseram ser muito bom! Pagamos $150 pesos cada, e sinceramente, esperávamos mais. Muito simples, e rápido! Uma hora e quinze minutos! Valeu só pela emoção de andar em um ônibus típico londrino!
Resolvemos dormir por aqui, no estacionamento na Costaneira, ao lado da placa do fim do mundo!
17/02 - Museu Marítimo Ushuaia
Hoje vamos ao Museu Marítimo de Ushuaia, que fica no antigo presídio do Ushuaia um presídio em formato de meia lua com cinco pavilhões, que terminam no hall central e dois andares, nos moldes dos mais famosos e considerados seguros do mundo. Hoje abriga a história do presídio e de seus presos famosos, das embarcações que chegaram e das que naufragaram na região, galerias de artes, história da cidade, enfim, uma oportunidade de conhecer um pouco mais da história da Patagônia e da história do Ushuaia. Ficamos três horas, saímos para almoçar e voltamos por mais duas horas. Impossível ver e ler tudo!
A parte do museus que fala sobre a história do presídio e dos faróis tem uma visita guiada muito interessante!
Ushuaia hoje é um lugar de encantos e também de histórias de muito sofrimento, muita maldade feita aos animas em nome do progresso, e desafios impostos pelo clima extremo!
Praticamente construída pelos presos que aqui foram enviados. Uma cidade muito turística por ser o fim do mundo, e porta para a Antártida.
À tarde, ao final da visita, fomos dar uma volta no centro, e passamos no Freddo para cumprir minha promessa a Betina de tomar um sorvete de doce de leite granizado por ela. Promessa que cumpri com muito sacrifício! Ali encontramos Roberto Valeuzuela, que teve a mesma ideia que nós! Conversamos um pouco e saímos caminhar pelo centro.
Retornamos ao carro e tinha mensagens no celular do Toninho enviadas pelo nosso amigo Vardé.Avisando que há vinte quilômetros da cidade, descendo a serra, no asfalto, ao cruzar com um caminhão, quebrou o pára-brisas! Nós fomos ao seu encontro. Ele já tinha conseguido o contato de um pessoa que arrumaria e teria que ir lá na manhã seguinte. Resolvida esta questão retornamos o centro!
Hoje é dia de celebrar nossa chegada no Ushuaia, e nós prometemos um ao outro, comermos juntos uma Centolla, ou "king crab".Caro e digno de uma grande comemoração! Chegar aqui vale a pena o investimento! Realmente, o prato é maravilhoso!
Voltamos para o YPF onde dormimos.
18/02 - Trilha ao Glaciar Martial
O Toninho e o Vardé saíram cedo para arrumar o pára-brisas! Retornaram depois de uma hora e fomos todos ao local para trocarem pra ele. Ficamos por ali esperando por umas duas horas.
Almoçamos e resolvemos ir visitar o Glaciar Martial, para conhecermos. Chegamos e o teleférico estava fechado. Resolvemos fazer a caminhada! Foram duas horas de ida e uma hora e meia de volta! O lugar é lindo e temos uma vista especial da cidade e do canal de Beagle! Além de podermos caminhar pelo gelo glacial e ficarmos ali sentindo o vento gelado e contemplando a paisagem incrível! um momento mágico! chegar aqui cumpre um objetivo! vencemos este desafio! esperamos muitos anos para viver este momento! Em nosso coração, uma indescritível gratidão!
Resolvemos ir dormir no Camping municipal. Fica ao lado da estação de trem do fim do mundo! O lugar está meio abandonado. Não tem água, mas conseguimos energia! Os banheiros estão desativados. Como chegamos à noite, não temos noção do local, vamos ver amanhã.
19/02 - Tren del Fin del Mundo - uma decepção...
Acordamos com chuva. Esta noite fez um grau! Resolvemos ficar por aqui.
Vimos uma mochileira, que tinha acampado ali arrumando suas coisas para sair. Quando passou por nós, além das mochilas, estava carregando uma mala em um carrinho com rodinhas! Uma das rodas estava quebrada!
O Toninho se ofereceu para arrumar. Ela parou tirou o monte de mochilas e agradeceu! Se chama Fabiana Menezes, tem cinquenta anos, é de Neuquem, mora em Buenos Aires, e veio ao Ushuaia para trabalhar. Não deu certo, por fazer chocolates e doces e salgados artesanais. Aqui, se vender sem uma licença, pode perder tudo, pois tomam os produtos. Por este motivo disse estar voltando à Buenos Aires, onde estava vivendo! Já viajou toda a América do Sul e o norte do Brasil!
Agradeceu o Toninho pela ajuda e pediu nosso e-mail e Facebook. Ao nos despedirmos algo interessante aconteceu e pensamos ser interessante compartilhar para refletirmos sobre nossas atitudes e o reflexo delas... Nos perguntou se nao éramos preconceituosos!? Ficamos nos olhando e dissemos que não, que não éramos! Perguntou se ao nos adicionar no Facebook nós iríamos aceitar!? Falamos que sim, sem problemas! Então disse por ser transsexual, geralmente as pessoas eram preconceituosas e não a trata bem! Nos agradeceu de novo pela ajuda e seguiu de volta à cidade!
Ficamos comentando depois, que as escolhas que fez tornaram sua vida mais difícil, justamente por causa do preconceito! Mas como seres humanos nosso papel é servir uns aos outros, expressar amor a todos e não julgar as escolhas ou decisões. Principalmente porque sabemos que sempre colhemos o que plantamos! Uma colheita de gentileza, é sempre melhor do que uma de hostilidade!
Fomos ao Tren de Fin de Mundo e o péssimo atendimento dos que trabalham ali nos fez sairmos rapidinho. Uma má vontade, uma arrogância, muito estranho! Há lojas, lanchonetes e o embarque de trem na estação, entramos fui ao banheiro antes de visitar o local e, simplesmente, não me permitiram usar o banheiro, pois era só para passageiros! Mas o funcionário trancou a porta na minha cara dizendo que eu não poderia usar! Ficamos pensando como ele sabia que não éramos passageiros!? Estávamos ali para ver o preço e como era o passeio! E se quiséssemos fazer uma viagem!? Achei ridículo e sai dali! nem quis ver nada! Na saída uma tabela com os preços! A viagem mais econômica custa $530 pesos por pessoa! Bom, não iríamos mesmo! Mas não entendemos o porquê daquele tratamento hostil!
Depois conversando com o caseiro do camping, ele disse que este é um negócio familiar que vivem dos pacotes fechados com europeus! E que os que vêm à estação para conhecer não são bem recebidos! Que muitos saem reclamando! Achamos o fim do mundo, realmente!!! O lugar perdeu seu encanto!
Desistimos de ir ao Parque porque eu estava com muitas dores de estômago desde o almoço!
O Toninho ajudou um jovem casal de amigos da Alemanha a trocar, fazer rodízio nos pneus, chegou mais um ônibus da Argentina e ficamos por ali descansando.
20/02 - Visita ao Parque Nacional frustrada pela chuva...
Resolvemos visitar o Parque Nacional do Fim do Mundo. Saímos do camping empolgados pois, contrariando as previsões de chuva, depois de chover muito toda a noite, o dia amanheceu ensolarado!
Entramos no parque e pagamos $100 pesos cada um! Seguimos até a Bahia Lapataia, no final da ruta 3, e o tempo foi fechando, fechando até despencar uma chuva e frustrar nossos planos de fazer alguma trilha ou ficar pelo parque. Penso que a previsão de chuvas por uma semana não estava tão errada como pensamos afinal. Demos uma volta pelo parque e, como a chuva não deu trégua, resolvemos voltar para o centro! Passamos pelo aeroporto e na polícia de seguridad nos cederam água!
Seguimos para o centro e estacionamos perto da praça das Malvinas, que pretendemos visitar a tarde. O tempo que ficamos estacionados ali, ventou, mas ventou muito, parou, choveu muito, parou, abriu sol... Realmente se confirma o que os habitantes aqui falam! Aqui vai do dia de sol, calor ao vento, chuva e neve no mesmo dia! Nem precisa muito tempo!
21/02 - Ushuaia - praça dos Soldados Mortos nas Malvinas
Nós resolvemos ficar mais um dia. Dia de chuva, nublado.
Fomos para os bancos á beira do Canal de Beagle, sentamos por ali e ficamos conversando e admirando a vista, falando sobre o que faremos, as opções que temos... Um tempo agradável de trocar pensamentos e compartilhar expectativas.
Perto de meio dia, ainda fomos visitar a Plaza Islas Malvinas, uma praça onde, todos os anos dia primeiro de abril a população se reúne para interceder pelos mortos na guerra das Malvinas, em 1982. Há uma chama eterna e um muro com o nome dos 649 combatentes mortos nesta guerra.
Fomos ao centro passear de novo. Retornamos ao carro pois começou a chover de novo. Dormimos por ali na costaneira, estacionados perto da praça das Malvinas.
22/02 - É hora de Retornar... Rio Grande - AR
Acordamos com chuva! Choveu toda a noite! Resolvemos começar a voltar.
Passamos pelo lago Lagnano que com o Lago Escondido, é o maior da Tierra del Fuego, passamos por Tohuin, e chegamos a Rio Grande a tarde!
Fomos ao mercado e resolvemos dormir na costaneira.
23/02 - Rio Grande - AR - ao Paso San Sebastian-CH
Acordamos, e fomos ao YPF abastecer água e combustível e usar a internet.
Saímos perto das onze e, ao meio dia, chegamos a fronteira da Argentina, onde almoçamos e fizemos os trâmites, que foram muito rápidos!
23/02 - Punta Delgada - CH - De volta ao Chile sem Boas Vindas!
Seguimos por mais uns quilômetros e na fronteira do Chile igualmente rápido. A revista foi a mais detalhada até agora. O cachorro que usam aqui estava de folga mas dois oficiais do Senasa revistaram o carro. Abriram todos os armários e até em baixo do colchão revistaram!
Mas, como não tínhamos nada, seguimos tranquilos!
Chegamos a balsa em Punta Delgada as seis horas, e até tínhamos resolvido dormir ali e passar na balsa somenete amanhã. Tínhamos informação de que havia local Iara dormirmos aqui, mas o atendimento da atenção ao turista no local foi tão ruim, que resolvemos seguir hoje mesmo! Algumas coisas, ficamos sem entender...
A balsa foi tranquila, sem vento, rápida. Resolvemos dormir em Punta Delgada, depois da balsa e seguir amanhã.
24/02 - Punta Delgada - CH - Saindo do Chile...
Como tinham nos alertado, realmente o barulho durou até a última balsa, as três horas da madrugada. Mas mesmo assim, foi tranquilo para dormir. O dia amanheceu nublado e a temperatura em oito graus.
Saímos em direção a fronteira do Chile. Paramos na Primeira Aduana no Paso Integración Austral, e havia uma fila gigantesca! Nos deu até desespero pensar em ter que ficar nesta fila! As placas marcavam Entrada e Saída! Imaginei que ficaríamos pelo menos duas horas ali!
Mas estranhamos porque, fora nosso carro, todos os outros estavam estacionamos no sentido entrando no Chile. Falei ao Toninho que iria investigar.
Procurei alguém da Aduana que não estava atendendo e perguntei se era a mesma fila para entrada e saída, ele disse que sim! (Claro, entrada Chile e saída Argentina...) Eu insisti, dizendo que me parecia que todo aquele pessoal estava entrando no Chile! E ele disse que sim, que assim como eu, todos estavam entrando no Chile e eu tinha que ir para a fila. (Ah, a comunicação é uma coisa incrível!). Eu insistí e lhe disse que não, que eu não estava entrado no Chile, eu estava Saindo do Chile e Entrado na Argentina! A expressão dele me mostrou que agora falamos a mesma língua! Então falou que eu não tinha que fazer nada aqui! Deveria seguir direto ao próximo prédio a 900 metros! Os trâmites de saída e entrada são feitos lá!
Posso dizer que fiquei muito feliz com a resposta! Incrível como os Argentinos gostam de ir a Punta Arenas na Zona Franca, fazer compras!
Não havia uma só placa indicando o que acabaram de nos explicar... Uma falha grave!